Sob a crosta terrestre, as rochas quentes rastejam enquanto as placas oceânicas mergulham em direção ao núcleo

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A parte profunda da camada intermediária da Terra está em movimento.

Novas pesquisas constatam que o manto inferior, localizado entre 660 e 1.000 quilômetros abaixo da crosta terrestre, é mais dinâmico do que se pensava anteriormente. Essa camada profunda flui e se deforma ocupadamente em zonas de subducção, onde lajes de crosta oceânica mergulham através das camadas da Terra como navios afundando.

"Tradicionalmente, pensa-se que o fluxo de rocha no manto inferior da Terra é lento até atingir o núcleo do planeta, com a ação mais dinâmica acontecendo no manto superior, que só chega a uma profundidade de 660 km (410 milhas)", estudou o líder do estudo. Ana Ferreira, sismóloga da University College London e da Universidade de Lisboa, disse em comunicado. "Mostramos que esse não é o caso, afinal, em grandes regiões profundamente abaixo da orla do Pacífico Sul e da América do Sul".

Compreendendo as camadas

O manto da Terra é feito de rocha quente, sólido, mas facilmente dobrado e deformado. A transição entre o manto superior e o manto inferior fica a 660 km abaixo da superfície. Essas duas camadas são distintas; o manto superior, por exemplo, é composto principalmente da peridotita de rocha ígnea, enquanto o manto inferior é rico em minerais bridgmanita e ferropericlase de óxido de ferro e magnésio. As duas camadas também diferem em temperatura e pressão.

Ferreira e seus colegas começaram a investigar a parte superior do manto inferior usando um modelo de computador do interior da Terra criado com 43 milhões de medidas sísmicas reais do planeta. Especificamente, os geofísicos usam os ecos naturais dos terremotos ao redor do globo para imaginar o que está dentro do planeta. Observando como as ondas mudam de velocidade e direção, os pesquisadores podem coletar informações sobre as diferentes composições de rochas e minerais dentro do manto, dando pistas sobre sua estrutura e propriedades.

No estudo, os pesquisadores se concentraram no que estava acontecendo nas zonas de subducção, áreas onde a crosta oceânica mergulha abaixo da crosta continental como uma esteira transportadora, reciclando rochas e minerais profundamente no manto. Essas lajes mergulham em direção ao núcleo, cruzando a fronteira entre o manto superior e o inferior.

Manto dinâmico

Os resultados mostraram que, nas zonas de subducção, o manto inferior é surpreendentemente dinâmico, principalmente nas bordas das lajes da crosta antiga que mergulham em suas camadas. A razão, descobriram os pesquisadores, parece ser algo chamado "fluência de deslocamento", que é a deformação de cristais e material cristalino causada pelo movimento de defeitos nos cristais. Essa fluência é causada pela interação da laje da crosta com a rocha do manto, estimulando o manto a se deformar e (muito lentamente) o fluxo.

Os pesquisadores encontraram evidências para essa fluência abaixo do Pacífico Ocidental e da América do Sul, portanto ainda não está claro o quão difundida é. Se a atividade for global, isso pode sugerir que a Terra está esfriando mais rápido do que o estimado anteriormente, disse o co-autor do estudo, Manuele Faccenda, da Universidade de Padova.

Embora o fluxo do manto possa parecer bastante distante do que está acontecendo na crosta, ele determina bastante sobre o meio ambiente do planeta, disse Ferreira. Vênus, por exemplo, tem tamanho e localização semelhantes em órbita à Terra, mas seu manto provavelmente flui de maneira muito diferente.

"Como o manto flui na Terra pode controlar por que existe vida em nosso planeta, mas não em outros planetas, como Vênus", disse ela.

Os resultados aparecem hoje (25 de março) na revista Nature Geoscience.

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