Enquanto o número de casos de coronavírus notificados fora da China continental continua a subir, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que ainda é muito cedo para declarar o surto uma pandemia.
"Esse vírus tem potencial pandêmico? Absolutamente, ele tem. Já chegamos? De nossa avaliação, ainda não", disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, em entrevista coletiva hoje (24 de fevereiro).
A decisão de classificar o surto de pandemia é baseada em vários fatores, incluindo "a disseminação geográfica do vírus, a gravidade da doença que ele causa e o impacto que tem sobre toda a sociedade", disse Ghebreyesus. No momento, "não estamos testemunhando a disseminação global não contida desse vírus e não estamos testemunhando doenças graves ou morte em larga escala", disse ele.
Até agora, o surto desta nova doença, chamado COVID-19, levou a mais de 77.000 doenças e 2.600 mortes na China, segundo a OMS. Fora da China, foram registrados 2.074 casos em 28 países e 23 mortes.
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Nos últimos dias, houve um aumento nos casos de COVID-19 na Coréia do Sul, Itália e Irã. Ghebreyesus chamou esses aumentos de "profundamente preocupantes".
Ghebreyesus acrescentou que este não é o momento de focar em qual palavra usamos para descrever a situação global. "Isso não impedirá uma única infecção hoje, nem salvará uma única vida hoje".
Mas "este é um momento para todos os países, comunidades, famílias e indivíduos se concentrarem na preparação", disse ele.
Para se preparar para o novo coronavírus, os países devem priorizar a proteção dos profissionais de saúde contra infecções, pois cuidam dos portadores do vírus, disse Ghebreyesus.
Além disso, os países devem priorizar a proteção das pessoas com maior risco de doenças graves, incluindo idosos e pessoas com condições de saúde subjacentes. As autoridades também devem fazer o possível para conter epidemias do vírus em países que têm capacidade para contê-lo, para impedir que o vírus se espalhe para países que não possuem esses recursos, disse ele.
A OMS já declarou o surto de coronavírus uma "emergência de saúde pública de interesse internacional".
Ghebreyesus também compartilhou novas descobertas da equipe da OMS na China. A equipe descobriu que o surto na China atingiu o pico entre 23 de janeiro e 2 de fevereiro e que está em declínio desde então. Aqueles com casos leves de COVID-19 parecem se recuperar em cerca de duas semanas, enquanto pessoas com doença grave ou crítica se recuperam em três a seis semanas. A taxa de mortalidade está entre 2% e 4% em Wuhan (a cidade onde o surto começou) e 0,7% fora de Wuhan, segundo a equipe.