A placenta 'invade' o útero da mesma maneira que o câncer invade o corpo

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Câncer e gravidez podem ser mais parecidos do que você pensa, de qualquer maneira, no nível celular.

No início da gravidez humana, as células da placenta se infiltram em uma artéria principal do útero e as ultrapassam, de acordo com o National Institutes of Health. Essa "invasão" amplia o vaso sanguíneo e permite que o oxigênio e os nutrientes fluam facilmente entre a mãe e o feto em desenvolvimento.

Agora, os cientistas pensam que as células cancerígenas podem usar uma tática semelhante para controlar os tecidos por todo o corpo.

O novo estudo, publicado em 25 de novembro na revista Nature Ecology & Evolution, pode sugerir por que certos mamíferos, incluindo humanos, parecem propensos a cânceres malignos, enquanto outros animais permanecem em grande parte poupados.

Pesquisas anteriores sugeriram que, à medida que o câncer se espalha pelo corpo humano, as células tumorais "reativam" genes que normalmente só funcionam no início da vida - quando estamos no útero, co-autor Günter Wagner, professor de ecologia e biologia evolutiva da Universidade de Yale , disse em um comunicado. Os genes ajudam a proteger o feto em desenvolvimento do sistema imunológico da mãe, o que pode confundir o futuro filho como um invasor perigoso, além de controlar o desenvolvimento da placenta.

Em animais cujos genes levam a placenta a invadir o útero, os cânceres malignos tendem a surgir com mais frequência. Enquanto isso, animais como vacas, cavalos e porcos - cujas placentas não rompem o útero - raramente desenvolvem cânceres que se espalham por todo o corpo.

"Queríamos descobrir por que, por exemplo, o melanoma ocorre em bovinos e equinos, mas permanece em grande parte benigno, enquanto é altamente maligno em humanos", disse Wagner.

A equipe se concentrou em identificar as diferenças entre as células da vaca e as humanas para descobrir por que um mamífero parece mais resistente ao câncer invasivo que o outro. Eles primeiro cultivaram tecidos conjuntivos de ambos os mamíferos no laboratório e analisaram o código genético de cada um. Ao fazer isso, a equipe detectou vários genes que pareciam altamente ativos nas células humanas, mas foram constantemente desativados no tecido da vaca. O tecido da vaca parecia mais bem equipado para impedir as células cancerígenas invasoras, enquanto o tecido humano cedia rapidamente aos tumores atacantes, observaram os autores.

A equipe se perguntou o que poderia acontecer se eles desativassem "genes selecionados" nas células humanas para torná-los mais "parecidos com vacas". Então, eles tentaram fazer exatamente isso. Sem a entrada de certos genes, as células humanas pareciam menos vulneráveis ​​à invasão do câncer, assim como suas contrapartes bovinas.

Os autores sugeriram que os humanos podem ter feito uma troca evolutiva, trocando o desenvolvimento saudável no útero por um risco aumentado de câncer maligno mais tarde na vida, de acordo com o comunicado. Mas futuros tratamentos contra o câncer podem superar essas vulnerabilidades, visando genes problemáticos, acrescentaram os autores. Ao modificar células humanas selecionadas para serem mais parecidas com vacas, talvez novas terapias possam subjugar a disseminação de cânceres agressivos.

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