Mantendo Marte Limpo dos Erros da Terra

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Crédito de imagem: ESA

Uma preocupação dos engenheiros ao projetar missões espaciais é como garantir que nossa espaçonave não traga microorganismos inesperados quando atingirem um planeta distante. Existem regras internacionais estritas para evitar a contaminação; portanto, os engenheiros usam várias técnicas para manter sua espaçonave limpa: esterilização por calor, vácuo, álcool, irradiação com luz ultravioleta e outros tipos de radiação. Quando terminarem, os engenheiros esperam ter menos de 300.000 microorganismos no Beagle 2, que deve ser lançado em 2003. Isso parece muito, mas existem vários bilhões de pequenos animais até no piso mais limpo da cozinha.

Ao fazer as malas para uma viagem em direção a outro planeta, existem algumas coisas, como microorganismos, que você não deseja incluir na sua 'bagagem'. Por exemplo, e se a vida extraterrestre for finalmente detectada em Marte, e os cientistas perceberem depois que essa vida é realmente terrestre?

Felizmente, existem regras internacionais estritas para evitar a contaminação dos corpos do Sistema Solar com material biológico da Terra. Os pousadores, por exemplo, podem representar um perigo especial para os objetos em que pousam. A Agência Espacial Europeia (ESA) está bem ciente disso. As missões da ESA, como Mars Express, com sua sonda Beagle 2, Rosetta, que pousará em um cometa, e Cassini-Huygens, em direção a Saturno e sua lua Titã, serão visitantes "limpos" e responsáveis. Os procedimentos mais rigorosos garantirão que eles carreguem apenas carregadores altamente esterilizados.

Cassini (com Huygens a bordo) deixou a Terra em 1997 e está viajando em direção ao planeta Saturno. Em 2004, Huygens se separará da espaçonave e pousará por conta própria na maior lua de Saturno, Titã. Titã é um local altamente promissor para os cientistas porque sua atmosfera se parece muito com a da Terra primitiva. É um lugar muito frio, com temperaturas abaixo de -180 ° C. Muitos cientistas pensam que essas temperaturas congelantes são precisamente a razão pela qual a vida nunca surgiu em Titã. No entanto, Huygens pode muito bem dar-lhes razões para reconsiderar.

O Rosetta e o Mars Express serão lançados em 2003. Rosetta é o caçador de cometas da ESA. Ele passará 8 anos viajando pelo Sistema Solar e em 2011 pousará no Cometa 46 P / Wirtanen, tornando Rosetta a primeira espaçonave a pousar em um cometa. Mars Express é a próxima missão a Marte e a primeira na Europa. Chegará ao Planeta Vermelho em dezembro de 2003 e lançará seu veículo terrestre Beagle 2, cuja tarefa, entre outras, é buscar evidências da vida marciana.

Todos esses projetos diversos têm algo em comum. Todos eles tiveram que levar em conta os requisitos de 'proteção planetária' estabelecidos pela organização científica internacional, Comitê de Pesquisa Espacial (COSPAR).

"Não queremos contaminar os planetas para onde vamos", diz John Bennett, da equipe Mars Express da ESA e um dos cientistas responsáveis ​​por "proteger" o planeta vermelho de uma invasão terrestre indesejada. "Não queremos missões futuras para detectar contaminação, em vez de vida."

As regras da COSPAR determinam o grau de limpeza de uma espaçonave. Os padrões variam de acordo com o tipo de missão e seu 'destino'. Por exemplo, do ponto de vista da contaminação, os pousadores são obviamente mais "perigosos" do que os orbitadores. Além disso, quanto mais um planeta é considerado como tendo vida, mais rigorosos são os requisitos.

Por esses motivos, as regras são especialmente difíceis para o módulo de aterrissagem da Mars Express, o Beagle 2. Os cientistas definiram critérios de esterilização de 300 microorganismos por metro quadrado para missões em Marte no passado. Nesse nível, nenhuma vida foi detectada e eles concluíram que esse nível de esterilização não comprometeria ou afetaria as medidas biológicas. O Beagle 2 terá que ser esterilizado para conter menos de 300 microorganismos por metro quadrado no lançamento e não mais de 300.000 dentro do lançador inteiro. Em comparação, o piso da cozinha mais limpa dentro de uma casa na Terra tem vários milhares de milhões de microorganismos presentes.

O processo de esterilização é bastante complicado. Muitos dos componentes dos instrumentos são muito delicados e não suportariam temperaturas muito altas; portanto, os cientistas usam técnicas diferentes. Aquecem a maioria dos componentes do Beagle 2 a 120 ° C e limpam outros componentes quimicamente. Para os painéis solares, por exemplo, será usado álcool. Os componentes microeletrônicos serão colocados em uma câmara de vácuo com um gás especial, plasma de peróxido de hidrogênio, que oxida o material biológico, tornando-o inofensivo. Os cientistas também usarão outra técnica de esterilização, a irradiação com luz ultravioleta e outros tipos de radiação. A esterilização afetará todas as partes da sonda, mesmo os airbags e o sistema de pára-quedas que a sonda usa para alcançar o solo com segurança.

Para o Beagle, o processo ocorrerá em várias instalações no Reino Unido. Sistemas especiais de transporte levarão cada componente a uma sala limpa especialmente construída, onde serão montados no local da unidade da Open University, no Reino Unido. A montagem começará neste verão. Depois de concluído, o ultraclean Beagle 2 será 'selado' dentro de seu próprio escudo frontal e contracapa e preparado para ser montado no Mars Express.

Os requisitos para Rosetta e Huygens são menos rigorosos. Quando o Cassini-Huygens foi lançado em 1997, os cientistas pensavam que era improvável que a vida existisse no frio Titan. Eles, portanto, rotularam o projeto como de baixo risco, sem procedimentos de esterilização considerados necessários. No entanto, de acordo com as regras da COSPAR, a sonda foi montada em uma sala limpa, ou seja, com menos de 100.000 partículas por unidade de volume.

Rosetta é um caso semelhante. “A esterilização geralmente não é crucial, já que os cometas geralmente são considerados objetos onde você pode encontrar moléculas prebióticas, isto é, moléculas precursoras da vida, mas não microorganismos vivos”, explica Gerhard Schwehm, cientista do projeto de Rosetta. Por outro lado, Rosetta precisa realizar delicadas experiências com o cometa e os cientistas não querem que os resultados sejam estragados, por isso é necessária limpeza.

Fonte original: Comunicado de imprensa da ESA

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